Mulheres na política: uma minoria
Por: Dayanne Wozhiak
Em 2024, o direito ao voto feminino nas eleições completa 92 anos. Mas quando o assunto é participação das mulheres na política, ainda há muito o que conquistar. Em 2022, as eleições para os Governos Estaduais e Federal contaram com 9,8 mil candidaturas femininas, e somente 311 mulheres foram eleitas, correspondendo a 18,2% do total de eleitos.
No que se refere às 13 cidades da região em que circula o Jornal O Repórter, somente três têm mulheres no Poder Executivo. São elas: Nina Singer como prefeita de São José dos Pinhais, Rosa Maria de Jesus Colombo como prefeita de Pinhais e Hilda Lukalski Seima, que é vice-prefeita de Araucária. Já nas Câmaras Legislativas, são apenas 17 vereadoras em um total de 179 cadeiras.
Esses dados não correspondem ao eleitorado, nem ao número de filiadas a partidos políticos. 52,59% dos eleitores no Brasil são mulheres e 46,2% dos filiados a partidos também são mulheres. Se o público feminino é maioria, o que falta então para uma maior participação das mulheres na política?
Para a prefeita Nina Singer, a carga sobre a mulher costuma ser maior, com jornadas duplas e até triplas. “As mulheres muitas vezes enfrentam desafios adicionais ao assumir cargos públicos, devido às expectativas sociais de que elas sejam responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado com a família. Isso pode criar uma carga adicional de trabalho e dificultar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, destaca a prefeita.
A chefe do Executivo de Pinhais, Rosa Maria, compartilha dessa dificuldade, e complementa dizendo que, ao formar uma rede de apoio, é possível conciliar as coisas. “Podemos, sim, continuar tendo nossas ações enquanto mulher, mãe, dona de casa e também contribuir ocupando espaços de decisões e levando nosso olhar, inclusive, dessa mulher que carrega toda essa demanda como ser plural, que trabalha com tantas frentes”, afirma Rosa.
Hilda Seima, vice-prefeita de Araucária, acredita que as dificuldades são diferentes pela questão de gênero. “Ainda hoje, vejo [a participação feminina na política] como um número muito baixo, porém já avançamos significativamente. Existem grandes estereótipos de gênero na política, as mulheres enfrentam dificuldades que podem limitar sua participação”, comenta.
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Nina foi a primeira mulher a assumir a administração municipal, ainda que São José dos Pinhais tenha 333 anos de emancipação política. Hilda Seima, em um período de férias do atual prefeito, assumiu o cargo temporariamente sendo também a primeira prefeita interina de Araucária, onde ainda não houve uma mulher eleita para o cargo. Já a prefeita de Pinhais, Rosa Maria, é a segunda mulher eleita como prefeita de uma cidade bastante jovem - apenas 25 anos.
Segundo Rosa Maria, incentivar as mulheres a participar da política é primordial. “A representatividade da mulher, hoje, ainda é muito inferior ao potencial e ao número de mulheres que temos na sociedade. E é muito importante o olhar feminino em espaços de decisões”.
Sendo a primeira de sua cidade, Nina sabe que é um modelo por lá e diz acreditar ser possível fazer a diferença enquanto mulher. “Encorajo outras mulheres a se envolverem na política e a lutar pelos seus ideais, sabendo que podemos fazer mudanças significativas em suas comunidades e trabalhar priorizando o bem-estar da população. A presença de mulheres na política contribui para a diversidade de ideias, promove a igualdade de gênero e inspira outras mulheres”, continua.
Confira o levantamento realizado pelo Jornal O Repórter para esta matéria, das cadeiras ocupadas por vereadoras nas Câmaras da região.
É lei
Desde 1997, a partir da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições), todos os partidos e coligações devem reservar, no mínimo, 30% de suas candidaturas para cada gênero – feminino e masculino. Além disso, a mesma Lei também estipula que o Tribunal Superior Eleitoral deve promover, nos anos eleitorais, propagandas incentivando a participação feminina na política.
Dois anos antes, em 1995, a Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), determinou que parte dos recursos provenientes do fundo partidário fosse aplicada na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres.
Confira aqui um vídeo sobre o evento Sessão Solene de homenagem à mulher em FRG
Política do dia a dia
Para muito além de partidos e dos três Poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário, política se faz no dia a dia. E é preciso lideranças para pensar o futuro das cidades. Nesse sentido, a Acinfaz - Associação Comercial e Industrial de Fazenda Rio Grande também tem, como sua presidente, uma mulher.
Delmira de Lourdes Ramos é a segunda mulher eleita em 30 anos da Associação e dá continuidade ao trabalho da presidente anterior, também mulher, Maria Lucélia Pelanda. Para ela, ao enxergar uma mulher em um espaço de poder, outras acabam se inspirando a estar lá também.
“As mulheres são muito rápidas. Os homens têm um papel importante, até porque foi dado pra eles esse papel. Mas as mulheres não, então quanto mais mulheres envolvidas, melhor. Eu acredito muito nas mulheres!”, diz. Ela ressalta ainda que a ACINFAZ tem um projeto chamado Mulheres Empreendedoras, que hoje tem 120 mulheres, que se tornaram protagonistas de suas histórias.