Delegada diz que mulher suspeita de tentar levar bebê de maternidade de Curitiba mentiu em depoimento

Hospital do Trabalhador, em Curitiba, onde tudo aconteceu (Imagem G1 Paraná)

G1 Paraná

A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) responsável pela investigação do caso da mulher presa, suspeita de tentar levar um bebê da maternidade do Hospital do Trabalhador, , em Curitiba, disse nesta quarta-feira (14) que ela mentiu em depoimento. "Ela disse que estava grávida e que teria sofrido um aborto, e no dia 27 de junho teria passado por procedimento de curetagem na Maternidade Curitiba. Estivemos lá e isso não ficou comprovado. Lá consta que ela nunca esteve internada naquele hospital", afirmou Ellen Victer. Talita Meireles, de 23 anos, foi detida na noite de segunda-feira (12) tentando deixar o hospital com um bebê no colo. Ela é suspeita do crime de subtração de incapaz.

A polícia investiga duas versões diferentes dadas pela suspeita. No momento em que foi detida pela Polícia Militar (PM), Talita afirmou que venderia a criança para uma vizinha, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, por R$ 10 mil. Depois, em depoimento à Polícia Civil, ela afirmou que sofreu um aborto em 27 de junho, que não contou para nenhum familiar e que iria "dizer que o filho nasceu". "Eu ia dizer que nasceu, alguma coisa assim. Eu fiquei muito desesperada. Eu não sei o que passou pela minha cabeça", afirmou Talita em depoimento. O marido dela foi ouvido pela polícia e confirmou que não sabia do aborto da esposa. Ao ser questionada sobre a primeira informação prestada aos policiais, a mulher alegou que contou a história porque estava nervosa.

Câmeras registram momento em que suspeita tenta levar recém-nascido de maternidade

Câmeras registram momento em que suspeita tenta levar recém-nascido

Transferência e exame de sanidade

O juiz mandou ainda que seja feito um exame de sanidade mental e incluiu uma série de perguntas que o perito deve responder sobre o estado de saúde da mulher. A Justiça deu prazo de 48h para a remoção ao CMP para a realização do exame. A defesa da mulher presa alega que ela estava em estado depressivo após ter sofrido um aborto. De acordo com o advogado Paulo Jean da Silva, Talita sofreu o aborto no sexto mês de gestação, no final de junho, e está em estado de depressão puerperal. "É o retrato de uma jovem mãe que teve um aborto do primeiro filho e, em um momento de desespero e impensado, além do estado depressivo puerperal, cometeu esse ato para tentar suprir sua carência de mãe", afirmou o advogado.

Segundo a defesa, a suspeita é "incapaz de responder pelos atos". "Não estamos falando de uma criminosa, e sim de uma jovem que, nesse momento, necessita de ajuda emocional e psicológica, e não de um cárcere", afirmou Paulo Jean da Silva.

Investigação

A polícia também investiga como a mulher entrou no hospital, colocou uma roupa de enfermeira e pegou a criança no quarto. Imagens de câmeras de segurança mostram Talita carregando a criança no colo dentro do hospital. Ela foi impedida de sair do local com o bebê porque estava sem uma pulseira de identificação. De acordo com a mãe do bebê, Pâmela Assunção, Talita entrou no quarto onde ela estava vestida com um uniforme de enfermeira e disse que levaria o recém-nascido para um exame. "Foi muito rápido. Eu estava no quarto sozinha com meu filho, chegou essa mulher vestida de enfermeira e falou que ia fazer um exame. Perguntei se eu precisava ir junto e ela disse que não, que o exame ia ser rápido, em torno de 5 minutos. Eu falei tudo bem porque ela tava com a roupa igual a das moças que estavam aqui trabalhando e eu acreditei nela", disse a mãe da criança. De acordo com Pâmela, ela estranhou a demora para o retorno do filho ao quarto e perguntou a uma enfermeira sobre a criança, quando foi informada que uma pessoa estava tentando sair do hospital com o filho dela. Talita e o bebê foram levados para uma sala da Assistência Social, onde a mãe verdadeira da criança identificou o filho. A mãe e o bebê já receberam alta e estão em casa. Em depoimento, a suspeita disse que encontrou a roupa de enfermeira em um vestiário dentro do hospital. "Eu fui olhar as crianças. Eu comecei a olhar e ai eu queria pegar um nenê no colo. Quando eu vi, tudo aconteceu. Mas eu não queria fazer nenhuma maldade. Eu não queria causar nada", disse Talita em depoimento.

Funcionários ouvidos pela polícia afirmaram não saber como a mulher entrou no hospital. De acordo com eles, o acesso é controlado. De acordo com os depoimentos, na portaria, ao tentar sair do hospital, a suspeita não vestia mais o uniforme de enfermagem.

O que diz o hospital

Em nota, o Hospital do Trabalhador informou que a mulher foi barrada ao tentar sair do local com a criança. De acordo com a instituição, a criança tinha uma pulseira de identificação e a mulher, não. Após ser barrada, a polícia foi chamada e a criança foi devolvida à mãe. "Reiteramos que os procedimentos de segurança adotados no Hospital foram efetivos bloqueando a tentativa deste crime. Importante registrar que a Maternidade do Hospital do Trabalhador possui 27 anos de funcionamento sem nenhuma ocorrência desta natureza, demonstrando a qualidade dos seus protocolos de segurança", informou a nota.