Dia Nacional das Abelhas: pequenas guardiãs da vida e da biodiversidade

Mandaçaia, manduri, mandaguari, mirim, jataí, guaraipo, tubuna, mirim-da-terra, borá...

São quase 300 espécies de abelhas nativas sem ferrão, muitas delas ameaçadas de extinção. Sua sobrevivência é vital para a continuidade do planeta, mais essencial até do que a da própria espécie humana. Dia 20 de maio, dia mundial das abelhas, essas pequenas guerreiras que dão o nome a nossa cidade: Mandirituba é um vocábulo indígena que significa;lugar onde há muitas abelhas", do tupi manduri (abelha nativa) + tyba (abundância, grande quantidade).

Essas pequenas polinizadoras são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, contribuindo diretamente para a reprodução das plantas e a preservação da biodiversidade. Além disso, produzem méis e própolis com sabores únicos e propriedades medicinais valiosas. Em Mandirituba, sobrevivem aquelas espécies adaptadas ao bioma local e ao clima mais rigoroso do inverno, provando sua incrível resiliência e importância para a natureza da região.

 

Guardiões das abelhas

É assim que se define Benedito Antônio, meliponicultor com mais de 20 anos de dedicação, ao lado da família, em Mandirituba. "Somos guardiões, conservacionistas das abelhas". afirma ele com orgulho.

Cada espécie constrói sua colmeia de forma distinta: com barro e saliva, algumas criam estruturas elaboradas, outras preferem formatos de caracol. Há entradas grandes, outras tão discretas que passam despercebidas. Algumas, como a mirim-da-terra, vivem no subsolo, cavando túneis de até 2 metros, mas apenas em solos saudáveis, livres de agrotóxicos, explica Benedito.

As abelhas nativas sem ferrão de Benedito, vivem em um pedacinho do paraíso em plena Mata Atlântica, em Mandirituba: um laboratório a céu aberto, com mais de 250 colmeias e 14 espécies nativas diferentes, todas pertencentes ao bioma local.

No local, realizam-se experimentos com diferentes modelos de caixas, avaliando as preferências das abelhas. Também há um verdadeiro “hospital de colmeias”, onde colônias debilitadas são recuperadas com cuidado.

Cada colmeia tem seus próprios guardiões, abelhas que ficam na entrada, vigilantes contra possíveis ameaças: outros animais, fumaça ou a ação humana.

Durante os meses frios, quando a natureza desacelera, até essas pequenas guerreiras se recolhem, tornando-se menos ativas. Para ajudá-las, os meliponicultores plantam árvores que florescem no inverno, como astrapéias e ameixeiras, e  também oferecem alimento extra: potes com solução nutritiva colocadas em potinhos com pequenos gravetos, que servem como pontes para facilitar o acesso das abelhas ao alimento.

Cada espécie de abelha produz mel e própolis com propriedades medicinais únicas: antivirais, anti-inflamatórias, cicatrizantes, antimicrobianas e até antitumorais. O própolis, feito a partir das resinas das árvores, tem a função de proteger a colmeia contra patógenos. Ao retornar, cada abelha passa por algo semelhante a uma “câmara de esterilização” — um filtro natural de saúde. E, claro, um remédio natural para o ser humano.

A importância dessas abelhas vai muito além da produção de mel: Elas são guardiãs da vida.


Mandirituba fortalece a meliponicultura e inspira preservação


De acordo com Marcelo Chemim, diretor da Secretaria de Agricultura de Mandirituba, a
prefeitura mantém atualmente 55 colmeias espalhadas pela cidade, sendo:

  •  27 de jataí
  •  14 de mandaçaia
  •  7 de mirim
  •  4 de manduri
  •  3 de guaraipo

A maioria foi doada pela AMAMEL (Associação dos Meliponicultores de Mandirituba), que também oferece cursos para quem deseja aprender e iniciar na criação de abelhas sem ferrão.

Marcos Antônio Dalla Costa, um dos fundadores da AMAMEL, destaca: “A meliponicultura está atraindo muitas pessoas para Mandirituba. A produção em larga escala feita pelos associados tem levado o nome da cidade para os eventos mais renomados do setor no Brasil.

Certamente, a polinização é a maior contribuição dessas abelhas: um serviço ecossistêmico essencial para a produção de alimentos e a preservação da nossa biodiversidade”, observa Dalla Costa.

No outono e inverno, quando as floradas diminuem, as abelhas recebem um suplemento alimentar chamado “açúcar invertido”, fornecido semanalmente. Algumas espécies ainda recebem uma dose de proteína adicional, uma ajuda essencial para garantir sua sobrevivência. Um trabalho feito com muito carinho pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente.