Entenda como recusa do TRE à candidatura de Sergio Moro por SP pode impactar eleições no Paraná
Barbara Hammes G1
O cenário das eleições deste ano no Paraná pode ter mudanças depois do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) rejeitar a transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) para o estado paulista.
Entenda aqui os motivos apontados para rejeição no TRE
Sem poder concorrer por SP, o ex-ministro de Bolsonaro deve pleitear vaga para o Senado no Paraná, estado de origem de Moro. Um anúncio do ex-juiz está marcado para a próxima terça-feira (14), em Curitiba. Caso se concretize o cenário de disputa ao Senado, ele pode concorrer a uma vaga junto ao senador Álvaro Dias, um dos "padrinhos" do ex-juiz na ideia de lançá-lo à presidência pelo Podemos. Até a publicação desta reportagem, nenhum dos dois havia confirmado a pré-candidatura.
Veja, abaixo, a lista de pré-candidatos confirmados ao Senado do Paraná
Para o cientista político Bruno Bolognesi, uma vez confirmada a presença de ambos na corrida pelo Senado, o cenário deve ser de mudança. Bolognesi entende que, enquanto o Paraná, tradicionalmente, "tem menos surpresas nos resultados das eleições, a concorrência entre ambos pode provocar agitação", em especial neste ano que há apenas uma cadeira vaga para o cargo. "Muda substancialmente por vários fatores. Pelo fator dele ser daqui, dele ter ganhado fama nacional a partir da atuação dele aqui no Paraná. No meio, o Álvaro Dias também trabalha com a imagem anticorrupção que Moro está associado. Me parecia que o Álvaro teria favoritismo para disputar o Senado, e se for confirmada a candidatura do Moro, ele passa a ter uma concorrência do mesmo nicho, com o mesmo discurso. A tendência é que se tenha uma disputa mais acirrada", analisou.
O g1 entrou em contato com os citados, que não deram retorno sobre o tema até a última atualização desta reportagem.
De aliado a possível concorrente
O especialista também analisou a mudança envolvendo Álvaro e Moro que passaram de "aliados" a possíveis concorrentes por uma cadeira. Isso porque, depois da filiação ao Podemos em novembro do último ano, Moro deixou a legenda com menos de seis e entrou para o União Brasil. O partido escolheu Luciano Bívar como pré-candidato à presidência. "A estratégia mais provável é que tenha algum confronto, alguma frente de acusação justamente por esse histórico. Nesse momento, com a possível entrada do Moro, deve se iniciar um jogo político bastante grande no Paraná", afirmou.
Conforme Bolognesi, mesmo que o ex-juiz não opte pela disputa ao Senado, mas por uma vaga como deputado federal pelo Paraná, um outro nome pode ser impactado: o do ex-coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol (Podemos). Isso porque, conforme o especialista, assim como no caso de Álvaro Dias, o ex-juiz e o ex-procurador também estão no mesmo nicho. "É possível, mas menos provável, porque candidatura a deputado federal tem mais espaço, mas tem um certo impacto. É uma eleição que dá para ter uma estratégia de dobradinha, mas é difícil ele sair candidato sem interferir porque é o mesmo nicho, pode dividir votos", frisou.
Senado no Paraná
Neste ano, o Paraná abre uma vaga na representação do estado no Senado Federal. A cadeira em disputa pertence ao congressista Álvaro Dias, que deve estar na disputa. Até a publicação desta reportagem, pelo menos, oito nomes haviam confirmado a pré-candidatura ao cargo. O PSOL fará o anúncio no sábado (11).
Veja os pré-candidatos confirmados ao cargo:
Aline Sleutjes (Pros)
Dr Rosinha (PT)
Edenilson Rossi (MDB)
Guto Silva (PP)
Lucidio Rosset (MDB)
Paulo Martins (PL)
Orlando Pessutti (MDB)
Valdemar Bernardo Jorge (Republicanos)