Mesmo com registro cassado, Deltan pode disputar prefeitura de Curitiba em 2024
O ex-procurador e ex-coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, pode disputar a prefeitura de Curitiba em 2024, mesmo depois de ter seu registro de candidato a deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A informação foi obtida com exclusividade pelo Bem Paraná junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR).
Segundo esse entendimento, Dallagnol teve o registro da candidatura à Câmara Federal em 2022 cassado pelo TSE, mas não perdeu os direitos políticos, nem ficou inelegível. De acordo com o tribunal, o ex-procurador “não teve o mandato cassado, mas apenas o registro de candidatura indeferido. Ele pode requerer registro na próxima eleição e será analisado novamente, podendo ser aceita ou não”.
Por isso, pelo menos em tese, ele pode pleitear a candidatura à sucessão do prefeito Rafael Greca (PSD) no ano que vem. O que não significa que a candidatura está garantida, já que o registro dependerá de aval da Justiça Eleitoral, e provavelmente será alvo de pedidos de impugnação de seus adversários políticos.
De qualquer forma, a simples possibilidade de que Dallagnol volte à disputa tem potencial para mudar significativamente o panorama da eleição na Capital. O deputado cassado é visto como um dos favoritos, pois tem condições de aglutinar boa parte do eleitorado de centro-direita, fiel ao bolsonarismo e apoiador da Lava Jato, já que a Capital paranaense é o epicentro da operação, tanto que ficou conhecida a partir de um comentário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como a “República de Curitiba”.
Dallagnol dividiria o eleitorado do grupo político do governador Ratinho Júnior (PSD) e de Greca, que têm como pré-candidato declarado o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel. A entrada dele na disputa tornaria praticamente certa uma eleição em dois turnos, já que a esquerda tende a se aglutinar em torno de um nome apoiado por Lula.
Polêmica
A interpretação do TRE coincide com a visão dos aliados de Dallagnol, para quem o indeferimento do registro de sua candidatura a deputado em 2022 não implica em inelegibilidade. Já o PT, autor da ação contra o ex-procurador, considera que com a decisão do TSE, ele estaria impedido de disputar eleições por oito anos. A polêmica certamente acabará tendo que ser decidida nos tribunais. O próprio Dallagnol afirmou, no último dia 30, ao se filiar ao partido Novo, que não descarta a candidatura à prefeitura de Curitiba. “A possibilidade de ser candidato está em aberto. Não descarto colocar meu nome à disposição para concorrer a prefeito de Curitiba”, afirmou.
Em maio, o ex-coordenador da Lava Jato teve o registro da candidatura indeferido pelo TSE, que entendeu que ele cometeu irregularidade ao pedir exoneração do cargo de procurador da República enquanto ainda respondia a processos disciplinares internos, o que fere a Lei da Ficha Limpa.