MP Eleitoral de SC investiga compra de votos que pode levar à cassação de mandatos de prefeito em Jupiá – SC

Da Redação

Conforme as investigações, há indícios de promessas de vantagens financeiras, entrega de dinheiro e benefícios oferecidos em troca de votos nas eleições que ocorreram esse ano.

ValdelirioLocatelli Da Cruz

O cenário político de Jupiá, Santa Catarina, foi abalado por um escândalo de grandes proporções. O prefeito reeleito ValdelírioLocatelli da Cruz (MDB) está no epicentro de uma investigação judicial que traz à tona acusações graves de abuso de poder econômico e político, além de captação ilícita de sufrágio, a famosa compra de votos. O caso, que agora tramita publicamente na Justiça Eleitoral, expõe uma teia de favorecimentos e vantagens suspeitas que podem comprometer a legitimidade das eleições municipais de 2024.

Os advogados Gabriel Ferreira de Cristo e Thiago de Araújo Chamulera, de Curitiba, especialistas em crimes eleitorais, representam os autores da ação judicial. Eles apontam práticas como compra de votos e abuso de poder econômico, que estão sob análise da Justiça Eleitoral e podem ter impacto significativono cenário político de Jupiá.


O processo, repleto de evidências documentais, áudios, vídeos, troca de mensagens, aponta para uma possível campanha marcada por práticas ilegais. Eleitores teriam recebido dinheiro, combustíveis e até materiais de construção em troca de votos. Em um dos episódios mais contundentes, o prefeito teria supostamente negociado diretamente com eleitores em um Posto de Combustível, de propriedade de aliados políticos do mesmo. Além disso, há relatos de promessas de consertos de veículos pagos com recursos da prefeitura envolvendo até contratos licitatórios e até oferecimento de cargos públicos em troca de apoio.



Os autos revelam uma possível operação orquestrada que incluía contratos suspeitos entre a prefeitura e empresas de correligionários. Um exemplo é o contrato de R$ 364.756,00 firmado com uma empresa local, cujo proprietário é um membro ativo do diretório municipal do partido do Prefeito. Este contrato foi celebrado apenas nove dias antes do início da campanha, com pagamentos expressivos realizados em tempo recorde, o que levantou inúmeros questionamentos sobre o uso de recursos públicos para financiar a campanha.



O contexto das eleições municipais em Jupiá agrava ainda mais o caso. A vitória de Valdelírio foi apertada, com uma diferença de apenas 127 votos – um número que, segundo os denunciantes, pode ter sido decisivo, dado o nível de influência exercido pelas vantagens ofertadas aos eleitores.

Além disso, o processo destaca o envolvimento direto de figuras chave do partido do Prefeito em práticas ilícitas, consolidando uma rede de favorecimento político e econômico. Empresas que participaram de licitações realizadas durante o período eleitoral são ligadas a familiares e aliados do prefeito, incluindo servidores públicos municipais. Documentos anexos no processo detalham a proximidade entre os sócios dessas empresas e a campanha de reeleição.

Entre os depoimentos mais chocantes, eleitores relatam terem sido assediados por correligionários do prefeito, que ofereceram vantagens e até exerceram pressão psicológica para garantir apoio. Uma eleitora afirmou que sua família foi importunada diariamente com promessas de dinheiro, enquanto outro eleitor revelou que recebeu uma oferta de um cargo público em troca de votos.



O caso pode resultar em consequências drásticas para o prefeito, incluindo a cassação do mandato, declaração de inelegibilidade e a imposição de multas. A Justiça Eleitoral está analisando um pedido de liminar para suspender a diplomação do prefeito reeleito até que todas as provas sejam analisadas e um veredito final seja dado. Este escândalo lança dúvidas sobre a legitimidade do pleito e coloca Jupiá no centro de um dos maiores casos de suspeita de corrupção eleitoral recente.


Se as acusações forem confirmadas, a Justiça Eleitoral poderá determinar a anulação do resultado das eleições e a realização de um novo pleito em Jupiá.

A reportagem tentou entrar localizar a defesa dos candidatos, mas sem sucesso. O espaço segue aberto para esclarecimentos.