Pesquisa paranaense revela fungo que atinge cogumelos

Uma pesquisa pioneira conduzida pelo pesquisador Ricardo Scheffer de Andrade Silva, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), revelou a existência de uma nova doença que ameaça o cogumelo Shimeji no Brasil. O estudo identificou um fungo do gênero Penicillium como o causador do problema, que afeta principalmente os estágios iniciais de desenvolvimento do cogumelo, comprometendo sua produtividade.
O fungo, disseminado por esporos, apresenta sintomas como o abortamento dos primórdios (estágios iniciais do cogumelo), mudança de coloração e atrofiamento. De acordo com Silva, o manejo baseado em limpeza e higienização rigorosa é a principal ferramenta para evitar a contaminação, já que não existem produtos fitossanitários registrados no Brasil para controle de doenças em cogumelos.
“Os produtores recorrem a produtos comuns, como água sanitária e ácidos fracos, que ajudam a controlar o patógeno de forma limitada. Outra alternativa promissora é o uso de bactérias do gênero Bacillus. Porém, mesmo sendo biológica, essa abordagem exige cautela, pois pode impactar negativamente tanto o desenvolvimento do cogumelo quanto a saúde humana”, ressalta Silva.
Além de contaminar o cogumelo, o fungo também pode atingir o substrato, agravando o problema. Como a transmissão ocorre por contato, por meio dos esporos, é essencial adotar práticas rigorosas de biossegurança. Entre as medidas recomendadas estão a higienização adequada das mãos e utensílios, a eliminação de resíduos de cogumelos infectados e a restrição de circulação entre ambientes de cultivo contaminados.
Segundo os estudos do pesquisador, o abortamento representa o estágio final da contaminação. O primeiro sintoma é o surgimento de uma massa cinzenta pulverulenta, que se dispersa com facilidade. Em seguida, ocorre o atrofiamento do primórdio, que apresenta um aspecto enrugado e sofre alteração na coloração, passando de um tom cinza-esbranquiçado para amarelado.