Prefeitura de Jupiá paga até R$ 0,45 a mais por litro de gasolina do que consumidores comuns, mesmo após queda anunciada pela Petrobras

Em Jupiá, município do Oeste de Santa Catarina com pouco mais de 2.000 habitantes, a Prefeitura tem pago até R$ 0,45 a mais por litro de gasolina do que o consumidor comum. A prática ocorre mesmo após a Petrobras anunciar, no dia 31 de maio, redução de 5,6% no preço da gasolina para as distribuidoras, conforme divulgado pela estatal.
A diferença foi identificada por esta reportagem com base em cupons fiscais de consumidores finais e notas fiscais emitidas ao município pelo mesmo posto de combustíveis contratado pela Prefeitura. Além disso, a equipe de apuração teve acesso ao contrato vigente e aos aditivos de preço firmados entre o Executivo municipal e o referido posto, comprovando o pagamento elevado com dinheiro público, mesmo diante da queda no valor-base do produto.
No comparativo direto, um cidadão pagou R$ 6,54 por litro, enquanto a Prefeitura desembolsou R$ 6,99 pelo mesmo combustível, no mesmo local, com apenas um dia de diferença. O abastecimento realizado pelo município, que atende toda a frota pública — saúde, agricultura, educação e administração — envolve grandes volumes e, em tese, deveria contar com descontos por escala.
Segundo informações apuradas, a empresa fornecedora tem entre seus sócios pessoas com vínculos diretos com o partido do atual prefeito de Jupiá, o que acende o alerta para possíveis conflitos de interesse e favorecimento indevido. O contrato em questão movimenta valores milionários e, segundo fontes, a diferença no preço do litro vem sendo registrada de forma constante, o que pode representar um rombo acumulado expressivo nos cofres públicos do pequeno Município.
Servidores e cidadãos, sob anonimato, procuraram a imprensa para denunciar o que consideram um padrão de má gestão dos recursos públicos.
“É uma escolha deliberada. A Prefeitura opta por manter contratos caros com empresas ligadas ao grupo político do prefeito, enquanto falta estrutura em setores essenciais. Isso não é descuido, é projeto de poder”, relata um servidor.
De acordo com essas fontes, as informações já foram enviadas ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC), onde já tramitam outras denúncias envolvendo improbidade administrativa, fraudes contratuais e práticas de nepotismo cruzado na atual gestão.
A Prefeitura foi procurada pela reportagem, mas até o momento não retornou com posicionamento oficial. O espaço permanece em aberto.