Ricardo Barros: CPI não conseguirá dizer se governo acertou ou errou na pandemia
Da Assessoria
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, defendeu em entrevista à CNN que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia não conseguirá produzir um relatório conclusivo de que a administração federal falhou ou foi completamente bem sucedida no enfrentamento à Covid-19. Para Ricardo Barros, a convocação de especialistas aprofundará as diferentes versões sobre as melhores práticas sanitárias e políticas públicas a serem adotadas no combate ao coronavírus.
O deputado citou os medicamentos hidroxicloroquina e ivermectina como exemplos da falta de consenso sobre o seu uso no tratamento de Covid-19, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) e periódicos científicos revisados por pares apontem a ineficiência desses produtos contra a doença, bem como a possibilidade de que seu uso indiscriminado gere outras patologias e problemas relacionados. "O isolamento e o uso da máscara são contestados. Há centenas de estudos dizendo que a máscara não resolve, mas têm muitos dizendo que sim. Tudo é opção, não há certeza de que sim ou que não para nada. Se a cloroquina não faz mal, não há porque proibir. Se a ivermectina não faz mal, não há porque proibir", defendeu. “A CPI vai chegar à conclusão de que existem possibilidades para todos os casos. Para tudo tem artigo científico defendeu que sim e que não. Não há como chegar a uma forma conclusiva de que houve acerto ou erro”, disse. “A polêmica não vai acabar. A CPI vai ter que enfrentar posicionamento firmes de cientistas e imunologistas que divergem até hoje dos caminhos a serem tomados”.
Ao repercutir os primeiros desdobramentos da CPI da Pandemia, após a realização de oitivas com os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o líder do governo disse que a decisão sobre as ações a serem tomadas é, em última instância, de responsabilidade do presidente da República e os ocupantes do cargo deveriam se adequar às orientações. “Vivemos no presidencialismo. Manda o presidente da República e os ministros executam”, disse. “Se os ministros não conseguiram se alinhar às orientações determinadas isso gerou as substituições – por parte do ministro, por sentir a pressão do cargo, ou por falta de enquadramento”.
O posicionamento defendido pelo deputado federal foi um dos principais fatores que levaram o ex-ministro da Saúde Nelson Teich a pedir demissão do cargo com apenas 29 dias à frente da pasta.
Na tarde de quarta-feira (5), o oncologista disse aos senadores da comissão de inquérito que deixou o governo por conta das divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), principalmente pela defesa constante que o político fazia do uso e da distribuição do medicamento hidroxicloroquina.
Desgaste na relação com a China
O líder do governo ainda comentou as declarações dadas por Bolsonaro na última quarta-feira (5), que voltaram a pôr em discussão a integridade da relação do Brasil com a China. Durante a recepção do ex-motorista Robson Oliveira no Rio de Janeiro -- que retornou ao país depois de passar dois anos preso na Rússia por questões burocráticas de importação de medicamentos ----, Bolsonaro insinuou que o vírus da Covid-19 teria sido produzido em laboratório e disse que uma "guerra química, bacteriológica e radiológica" está em cursos. As falas do presidente foram recebidas por muitos políticos e analistas como destinadas à China.
Foi o caso do presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), que apresentou preocupação com a possibilidade da China retaliar o Brasil no repasse de matéria-prima para a produção de vacinas, por conta das declarações que fragilizam as relações diplomáticas. Para Ricardo Barros, no entanto, a declaração do presidente não deve prejudicar os acordos entre os dois países. “Não é fato novo e não muda nada a nossa relação com a China, que é baseada em questões comerciais muito sólidas”, disse.