Saudade e a gratidão

José Quirino Leal, um dos pioneiros de Fazenda Rio Grande, faleceu na última semana, aos 92 anos. Para a família e os amigos, fica como herança as boas lembranças de longas e agradáveis conversas na mesa do café   ???????????????????????????????????? Na semana passada, mais precisamente no dia 03 de junho (sexta-feira), o pioneiro fazendense José Quirino Leal se despediu da família e dos amigos. O que ele deixou? Seis filhos, nove netos, sete bisnetos e valiosos 92 anos de muitas histórias para contar. Vô Juca, como era carinhosamente chamado pelos mais próximos, era fã de uma boa prosa e não deixava de convidar para tomar um café os que passavam por sua casa, no bairro Veneza (Vila São Sebastião), às margem da Rua João Quirino Leal, via que carrega o nome de seu pai. Sua trajetória teve início em 02 de novembro de 1923, em Fazenda Rio Grande mesmo, quando o município ainda pertencia a São José dos Pinhais, junto de Mandirituba, Quitandinha, Agudos e Tijucas do Sul. Seus pais, João e Maria Madalena Leal, fizeram dessas terras o seu lar e foi ali que viveram com seus nove filhos, sendo ele o quarto mais velho. A família vivia da agricultura e da pecuária, atividades que, mais tarde, seriam assumidas também por José. Vô Juca plantou feijão, milho, trigo, batata e erva-mate, criou porco e gado e fabricou tijolos. Serviu o Exército Brasileiro por dois anos e chegou a ser convocado para viajar à Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas o evento acabou antes de sua ida. Alguns anos depois, em 1950, casou-se com Darcy Barbosa Leal, filha do ex-prefeito de São José dos Pinhais, Benjamin Claudino Barbosa. Com ela, cuidou das propriedades e dos filhos: José Edilton Quirino, Ezilda Maria Quirino Leal, João Batista Leal, Lucia Maria Leal, Iverson Antonio Leal e Francisco Everaldo Quirino Leal. Dono de um grande e generoso coração José foi bem-sucedido nos negócios e sempre contou com a ajuda de sua amada, comprovando o que diz o velho ditado: “ao lado de um grande homem, sempre há uma grande mulher”. Juntos, durante toda a vida, foram inteiramente ligados à religião católica. Os encontros com Deus aconteciam na antiga igreja de Santo Antonio, que fica na região do Passo Amarelo e foi construída por Francisco Quirino Leal, avô do pioneiro. Além do zelo com a igreja e da reza de terço diária, ele também era caridoso e solidário com o próximo, gostava de dividir e compartilhar. A prova disso foi que as portas de sua casa sempre estiveram abertas, literalmente, para as pessoas. Em 2011, ficou viúvo, mas isso não o fez perder o gosto pela vida e nem esmorecer. Muito pelo contrário: a alegria, o carisma e a simpatia sempre foram marcas registradas do querido senhor. Era amável com as crianças que o rodeavam, tinha enorme apreço pelos seus descendentes e não abria mão da companhia e das longas conversas com os entes queridos. Também apreciava a amizade com os vizinhos e dizia que o vizinho sempre será o melhor amigo. Aliás, a família não tem registros de inimizades na vida de José Quirino Leal, que julgava fundamental o respeito e uma convivência digna com todas as pessoas. DEPOIMENTOS DA FAMÍLIA João Batista Leal (Filho) “Meu pai foi uma pessoa única, muito amoroso e carismático. Tinha uma identificação grande com as crianças. Ele desempenhou um papel importante na sociedade fazendense e foi digno da idade que Deus deu para ele: 92,7 anos. Nós dizemos que ele era um contador de causos e extremamente lúcido. Dias antes de falecer ainda dirigia, comia, bebia vinho, gostava de salame. Foi uma benção ter um pai como eu tive. Tenho orgulho de ter nascido nessa família”. João Fernando Leal (Neto) “Meu carinho e minhas lembranças vão se eternizar, assim como esse seu sorriso e carisma que encantaram a todos que o conheceram. Fico triste apenas por não poder mais tomar aquela boa cerveja com o senhor, comer um pedaço de salame com queijo e escutar aquela boa história. Aliás, com 92 anos teve muita história. Obrigado, vô Juca, pelos ensinamentos que o senhor me passou. Obrigado, de coração. Descanse em paz ao lado de Deus. Meu amor pelo senhor vai atravessar gerações”. Eli César Quirino Com a filha, Antonella Eli Cesar

(Sobrinho-neto)

“Conversar com o senhor era prazeroso e quase sempre nossas conversas nos remetiam à Fazenda Rio Grande de muito antigamente. Sua simplicidade e simpatia guardaremos para sempre.” Apesar de ainda entristecido pela recente partida do seu Juca, sinto-me honrado de tê-lo tido como um grande amigo ao longo de muitos anos. Um homem espirituoso, de conduta exemplar e caráter fecundo. Sempre conquistando a todos com sua natureza singela e muito carisma. Construiu uma família admirável que é exemplo de humanidade e cidadania. Teve vida longa e deixou-nos um grande legado.Que seu nome sirva de exemplo sempre a todos nós que aí estamos no curso da vida. Marcos Nichele (Amigo) Apesar de ainda entristecido pela recente partida do seu Juca, sinto-me honrado de tê-lo tido como um grande amigo ao longo de muitos anos. Um homem espirituoso, de conduta exemplar e caráter fecundo. Sempre conquistando a todos com sua natureza singela e muito carisma. Construiu uma família admirável que é exemplo de humanidade e cidadania. Teve vida longa e deixou-nos um grande legado.Que seu nome sirva de exemplo sempre a todos nós que aí estamos no curso da vida.   Kamille Leal (Neta)   13315278_1038712189541308_5850982517344959878_n Aquele amor simples numa cadeira de balanço. Aquele amor simples pelas histórias que ele nos contava. Aquele amor simples e sincero de quando ele quase me fazia alcançar o céu naquele balanço no terreno. Aquele amor totalmente sinceridade absoluta pelos rolinhos de queijo e presunto e a nossa maionese de domingo que eu também nunca conseguirei esquecer. Aquele singelo amor de quando ele me colocava no cangote e com o passar dos anos pedia para que eu pudesse colocá-lo. Aquele amor que eu nunca irei esquecer. Eu te amo, meu amor, e sei que o senhor sabe. A minha infância e boa parte da adolescência eu agradeço ao senhor. Aquele amor que nos espera lá em cima com uma boa cervejinha, pão, salame, presunto e queijo, um sorriso no rosto, vários machucados no corpo por se enfiar em afazeres que não eram para que pessoas com sua idade fizessem (mas como vô Juca era teimoso, fazia do mesmo jeito), e uma boa e velha história a contar. Eu te amo. Descanse em paz.