Saúde Mental: Curitiba poderá ter espaços itinerantes e fixos de escuta psicológica

  Uma parceria entre a comunidade, universidade e o poder público resultou em um projeto de lei protocolado na Câmara Municipal de Curitiba no início deste mês. A ideia foi levada até o gabinete da vereadora Camilla Gonda (PSB) pela aluna do curso de Psicologia da Uniandrade, Janeide Silveira, que desenvolveu o esboço do texto dentro de um projeto de extensão universitária. “Tive a inspiração de levar a escuta psicológica para diversos espaços, de maneira gratuita, em estabelecimentos fixos como UPAs, administrações regionais, centrais de luto e até mesmo unidades móveis para atender áreas de difícil acesso”, explica a estudante.

  Após a apresentação inicial da proposta e percepção da relevância do tema, a iniciativa foi ajustada às necessidades do processo legislativo e transformada em projeto pela vereadora Camilla Gonda. O coordenador geral de extensão universitária da Uniandrade, professor Thiago Perez, elogia a receptividade do projeto, que visa atender a uma crescente demanda por serviços de saúde mental. “Foi um trabalho que começou do zero e que foi ganhando força e espaço. É muito importante essa sensibilidade e acolhimento do mandato com as sugestões da população e da comunidade acadêmica, visando o bem-estar das pessoas”.

De acordo com a proposta, o objetivo é oferecer atendimento psicológico inicial gratuito e promover a desmistificação do uso de serviços de saúde mental, deixando-os acessíveis para todos os cidadãos, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade.
Camilla Gonda defende que, ao facilitar esse primeiro contato com profissionais da área, a intenção é reduzir os estigmas que ainda cercam a busca por apoio psicológico, promovendo uma cultura de cuidado com a saúde mental.

Cenário da Saúde Mental curitibana:


Curitiba conta com 13 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), sendo 10 Adultos e 3 infanto-juvenil e uma Unidade de Estabilização Psiquiátrica (UEP). Em 2024, foram realizados 14.341 acolhimentos e 1.776 internamentos na UEP, segundo dados da prefeitura. “Apesar de ser uma cidade de grande porte e com um sistema de saúde consolidado, Curitiba enfrenta uma carência significativa de serviços dedicados à escuta psicológica”, reforça Camilla. “Em um cenário onde questões como estresse, ansiedade e depressão se tornam cada vez mais prevalentes, a ausência de espaços de apoio psicológico acessíveis impacta diretamente a qualidade de vida da população”, complementa Janeide.
De acordo com a justificativa do projeto, do ponto de vista social, a escassez desses serviços resulta em desigualdade no acesso à saúde pública. Muitas pessoas enfrentam dificuldades ainda maiores para acessar serviços privados de psicologia, enquanto as opções públicas existentes não são suficientes para atender à demanda. “A criação desses espaços itinerantes e fixos pode reduzir essas barreiras, permitindo que mais cidadãos tenham acesso a esse tipo de cuidado, criando uma cidade mais inclusiva. No âmbito econômico, o impacto da falta de apoio psicológico também se reflete em perdas de produtividade e aumento de afastamentos do trabalho devido a problemas de saúde mental. A nossa população precisa dessa atenção e cuidado”, finaliza Gonda.