Suspeitos de vender álcool em gel adulterado são presos em operação policial em São José dos Pinhais
G1 Paraná
A Polícia Civil de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), deflagrou nesta quinta-feira (24) uma operação contra venda de álcool em gel adulterado. Três empresas são investigadas e dois empresários foram presos. O trabalho da polícia começou após investigadores rastrearem a venda do produto pela internet. As investigações duraram seis meses e os suspeitos são apontados como responsáveis por nove tipos crimes.
Segundo a polícia, uma análise do Centro de Ciências Forenses, do laboratório de ressonância magnética nuclear da Universidade Federal do Paraná (UFPR), constatou que os produtos estavam abaixo das especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Depois, outras amostras foram encaminhadas para análise do departamento de química forense da Polícia Científica do Paraná e ao Laboratório Central do Paraná (Lacen). Segundo a polícia, nos dois lugares os produtos foram reprovados.
A emissão do laudo do Lacen, conforme a polícia, resultou na expedição de um memorando da Secretária Estadual de Saúde (Sesa), orientando a interdição dos produtos das empresas investigadas. Os nomes das empresas não foram divulgados.
Investigações
No decorrer das investigações, a polícia descobriu que três indústrias, que atuavam desde 2009, usavam ilegalmente o registro e notificação de produto, junto a Anvisa, de duas grandes marcas de álcool do país, como se fossem suas. Nos rótulos, as empresas também fraudavam o nome do engenheiro químico responsável pelo produto com registro no conselho de classe, segundo a polícia. Sem um engenheiro químico habilitado, as três indústrias não tinham em seu quadro um responsável técnico para avaliar a qualidade e garantia de produtos. Segundo a polícia, as empresas também não tinham o Certificado de AFE, que é a autorização de funcionamento para indústrias químicas e de saneantes.
Nos sites das indústrias, a polícia encontrou logomarcas de empresas multinacionais conhecidas, como se elas estivessem referendando a qualidade dos investigados. Conforme a polícia, as marcas negaram qualquer depoimento postado no site dos investigados. Com apoio técnico do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), os policiais descobriram que as empresas eram da mesma família. Os investigados, segundo a polícia, fraudaram licitações, na modalidade de dispensa de licitação, fornecendo para prefeituras testes para o diagnóstico de câncer de próstata.
Além dos presos, polícia não descarta participação de agentes públicos. — Foto: Reprodução/RPC Curitiba
Ação policial
Os dois presos nesta quinta-feira são um empresário do setor químico e um profissional de biotecnologia, conforme a polícia. Além disso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas casas dos investigados e nas três indústrias. A polícia informou que, além dos presos, outras pessoas estão sendo indiciadas, entre elas contadores, advogados e empresários. Não está descartada a participação de agentes públicos.
Os investigados vão ser denunciados por crimes contra a ordem tributária e consumidor, sonegação fiscal, crime contra a saúde pública, crime contra o meio ambiente, associação criminosa, coação no curso do processo, falsidade ideológica, crime contra a administração pública/licitações e lavagem de dinheiro. Conforme a polícia, se condenados e somadas as penas, considerando o número de vítimas – já que as investigações apuraram que a venda dos produtos era a nível nacional –, as penas podem passar de 100 anos.