Vingança motivou assassinato de transexual no Paraná, diz polícia
G1 Paraná
A transexual Natasha Galvão (foto) foi baleada e morta em Londrina, no norte do Paraná, por vingança, segundo o delegado-chefe de Homicídios João Batista dos Reis. A conclusão é da Polícia Civil, após depoimentos de testemunhas. “Não foi um crime de ódio por homofobia ou transfobia e também foi descartado o feminícidio. O homem que atirou na transexual fez isso por vingança, porque no dia anterior foi agredido pela Natasha e por outras quatro ou cinco travestis”, detalhou o delegado. Natasha Galvão tinha 26 anos e foi morta na Rua Cabo Verde, na esquina com Avenida Leste Oeste. O local é conhecido por ser um ponto de prostituição. A Polícia Civil informou que a transexual tinha sido presa em 2020 em Maringá por roubo. O autor do crime também tinha várias passagens pela polícia.
Imagens de uma câmera de segurança registraram o crime. Uma caminhonete preta estaciona, o motorista chama por Natasha, que está do outro lado da rua, e quando ela se aproxima do veículo é atingida. Ela corre para pedir por socorro, mas cai alguns metros depois. Ela morreu no local. Testemunhas passaram informações sobre o veículo para a Polícia Militar. As equipes encontraram a caminhonete na saída para Ibiporã e, segundo a polícia, após o motorista bater o veículo, atirou contra os militares. Houve troca de tiros e o suspeito morreu no local.
Motivos para o crime
Segundo a Polícia Civil, no dia 29 de junho, por volta das 22h40, um dia antes do crime, o autor dos disparos que atingiu Natasha Galvão estava passando pela Rua Cabo Verde e viu um grupo de travestis pressionando uma pessoa contra um muro. Ele parou o carro no meio da via e começou a observar as agressões. “Natasha vê que elas eram observadas, vai até o carro do autor e como a porta do veículo não estava trancada, ela abre a porta e entra. Os dois começam a discutir. Como Natasha se recusou a sair do carro, o motorista sai”, detalhou o delegado. Ao deixar o carro, o motorista é cercado por um grupo de travestis e é agredido com socos e pedradas, ainda conforme a Polícia Civil. “Ele consegue fugir do local, vai em direção à Avenida Leste-Oeste, é perseguido pelo grupo de travestis, é agredido novamente, se desvencilha, corre para o carro dele e, ao deixar o local, tenta atropelar o grupo de travestis”, diz João Batista dos Reis.
No dia seguinte, o homem volta a Rua Cabo Verde com outro carro e atira em Natasha Galvão. “A Natasha era a única travesti que o agrediu que estava lá, por isso ele a chamou. Por algum motivo, um dia após ela ter agredido ele, Natasha pintou a cor do cabelo. Até no dia 29 de junho ela era loira, mas no dia que foi baleada estava morena”, afirmou o delegado. O tiro atingiu o peito de Natasha Galvão e saiu pelas costas da transexual, ainda conforme a polícia.
Como o autor do homicídio também morreu após a morte da transexual e não teve mais ninguém envolvido na morte, o delegado-chefe de Homicídios deve concluir o inquérito e logo em seguida deve encaminhar para o Ministério Público para arquivar as investigações.